A review by leticiaayumik
Grande Sertão: Veredas by João Guimarães Rosa

5.0

Ler Grande Sertão: Veredas foi uma espécie de experiência de vida. É isto: vivi. E viver é muito perigoso, carece de ter coragem - os leitmotivs que transcendem as páginas, pois, se pararmos para pensar, conduzem a vida de todos nós. Grande Sertão: Veredas demanda essa coragem não só por ser um livro de quase 600 páginas, com uma linguagem singular (pra dizer o mínimo kk), mas, dentre outras somas, por contar num único e extenso monólogo o épico sertanejo que ecoa a jornada, cheia dos sentimentos humanos mais diversos, do jagunço Riobaldo. Jornada essa metafísica, mágica e enfeitiçada pelos mistérios do Sertão-Além - pactos com o maniqueísmo que há em nós -, que é lambuzada do suor, carnal e espiritual, de amor por Diadorim: a neblina.

Eu poderia falar um milhão de coisas sobre o nosso "Fausto brasileiro". Contudo, não arrisco. Acho que não sei explicar o pacto que fiz com a narrativa. E talvez seja essa uma das grandes magias, porque agora meio que me resta fazer o mesmo que Riobaldo: esperar um ouvinte que acolha minha jornada, só para que eu mesma possa entender o porquê dos encontros arrebatadores que tive com essa estória tão díspar (acho eu) da minha.
No fim das contas, agradeço pelo estardalhaço que Grande Sertão fez na minha humilde vereda (kkkkkk q besta), sendo a minha única reclamação o dinheiro que vou ter que gastar com terapia pós-livro.