A review by rolandosmedeiros
Subterranean: Tales of Dark Fantasy by William Schafer

4.0

Alastair Baffles Emporium of Wonders — Mike Resnick

"Seriously, how did you pull that off?” I persisted.
“Seriously?” he repeated, arching an eyebrow and seeming to look right through me to some interior spot that nobody was ever supposed to see. “You take two well-meaning but unexceptional lives, stir in all the might-have-beens and never-weres, baste lightly with the optimism of youth, the cynicism of maturity, and the pessimism of age, add a soupaon of triumph and a cup of failure, heat the oven with vanished passion, sprinkle with just the tiniest pinch of wisdom, and there you have it.” He smiled, as if totally pleased with his explanation. “Works every time.”


É a primeira vez que leio algo do Mike Resnick, nunca tinha ouvido falar dele antes de dar de cara com esse conto aleatoriamente. Ele é famoso pelos prêmios que ganhou, dezenas de indicações e vitórias no Hugo e no Nebula, dá para se dizer merecidamente.

É um conto fantástico bem escrito, simpático e cheio de sentimento. Não consigo não pensar que a fantasia e a ficção científica que surgia e papava prêmios há dez, vinte anos atrás era tão diferente das de hoje em dia. A narrativa corre por diversos temas: envelhecimento, memória, crença, desejo. Nessa história, dois garotos, Silver e Gold, se encontram na loja que dá título ao livro: O Empório das Maravilhas de Alastair Baffle. Eles testemunham truques baratos de mágica por alguns centavos e tornam-se amigos inseparáveis. Agora, velhos de noventa anos em um asilo, com os ossos estalando e órgãos falhando, decidem revisitar a loja uma última vez aquele lugar tão importante na vida deles (que está sempre mudando de endereço). A primeira parte do conto, relativamente longo, é a vida dos homens no asilo e a escapada para procurar pela loja.

Como era de se esperar, eles conseguem encontrá-la, e surpreendem-se quando Alastair, o mágico, parece não ter envelhecido nem um fio de cabelo desde a última visita — quase meio século atrás. Só pode ser um parente, pensam. Ele ainda performa seus truques por alguns centavos, mas os idosos não se impressionam tão fácil quanto quando eram crianças, então Alastair precisa recorrer a truques mais extraordinários. A partir daí, os dois velhos começam a ter reações diferentes sobre tudo que experimentam, e se dá início um embate entre a credulidade e a incredulidade, com ambos, os velhos amigos, seguindo caminhos diferentes.

Além do pacing agradável e o contraste entre a interação dos dois, o Alastair é um personagem incrível, memorável e com certeza um dos destaques da história. A inflexibilidade de um dos velhos perante aos acontecimentos é um pouco chata de se ler, mas é algo inerente a ele, trata-se de velhos de noventa anos, ranzinzas e presos num asilo.

O final não é surpreendente nem extremamente inspirado, mas é leve e casa perfeitamente com a atmosfera da história; não é excepcional, mas, ao mesmo tempo, é legal de ler e facilmente integraria qualquer antologia mais leve de fantasia. É uma boa apresentação do gênero.

“I already told you,” answered Baffle with a smug smile. “You live in a changing universe, Master Silver. You must never assume that all things change at the same pace.”