andrepithon's review against another edition

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2.0

Wildcards, em seus pontos altos, é uma interessante exploração da humanidade tomada por super poderes, com uma boa dose de horror corporal, e um poderoso aspecto político, reimaginando a história americana (com algumas olhadas no internacional) considerando a deformação trazida pelo vírus alienígena do Cartas Selvagens. Quando aceita ser político e perturbador, como no livro 6, a série brilha em excelência.

Nos seus pontos baixos, carrega personagens esquecíveis e muitas vezes caricatos, tramas simples e o foco exagerado em sexo e choque. É triste voltar para a série e encontrar este segundo.

O foco da trama são os “Jumpers”, adolescente capazes de trocar de corpo, e consequentemente fazer merda por aí. Antagonistas novos, claro, mas muito próximos de uma reciclagem de segunda categoria do magnífico vilão dos volumes anterior, e que parecem apenas psicopatas por serem psicopatas, sem nenhum desenvolvimento considerável na obra.

A narrativa principal, focada em Jerry, um metaformo recém reintegrado a sociedade, é frágil e dispensável, em nada progride o mundo, a narrativa, nem o personagem. Em nenhum momento ele se torna simpático ou se desenvolve, e serve apenas como uma frágil cola para tudo, nem mesmo concluindo nenhuma das promessas que a história faz.

Muitas dos contos não funcionam como progressão de mundo tampouco como estudos de personagem. Servem para colocar Bloat e a ilha de Rox como vilões para essa era, servem para por Blaise em holofote e transformar o merdinha psicopata em um merdinha psicopata ainda maior, e a história focada nele e em Tachyon ("The Devil's Triangle) é um ponto beeeeeeeem baixo.

O grande e brilhante e magnífico ponto positivo da obra é “Sixteen Candles” de Stephen Leigh, em que pela primeira vez na série se explora a Estranheza, entidade curinga formada por três mentes, que outrora eram amantes poliamorosos e se viram amalgamados em uma aberração de carne pelo vírus. A luta interna para manter o controle e a sanidade é intrigante, os personagens são bens explorados, e tem o grande triunfo narrativo do livro, fechando algumas tramas narrativas que permeiam toda a obra. O modelo antológico nos permite encontrar alguns diamantes como este dentre o barro, mas o processo é cansativo.

Ambas histórias focadas nas guerras de gangues e em seus personagens (“Snow Dragon” e Dead heart beating”) são inofensivas, servindo para posicionar certas peças para possíveis tramas futuras, e foram os outros pontos razoavelmente agradáveis.

No geral, é um retorno decepcionante para a franquia, e um que me faz desejar pular essa era de Wildcards, que promete se focar em um antagonista genérico e no honestamente cansativo e pouco intrigante Blaise, e embrenhar-me nos volumes mais novos, mas sou masoquista e então vamos continuar linearmente yay.
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